A entrada do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados trouxe uma reviravolta significativa no cenário político. Até então, Arthur Lira (PP-AL), atual presidente, buscava uma sucessão tranquila, mas a candidatura de Motta embaralhou as cartas. Motta, que vinha sendo mencionado nos bastidores, agora se destaca como um potencial sucessor, desafiando o favoritismo de Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
Nos últimos meses, três nomes se destacaram como pré-candidatos: Marcos Pereira (Republicanos-SP), Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD-BA). Elmar era visto como o favorito, com o apoio de Lira praticamente garantido. No entanto, a desistência de Marcos Pereira, que indicou Hugo Motta como seu substituto, mudou o jogo. Pereira justificou sua saída pela falta de apoio unificado, especialmente após Antonio Brito recuar de um compromisso de apoio.
A movimentação de Pereira em favor de Motta obrigou Lira a reavaliar suas estratégias. Lira, que busca uma eleição sem divisões, tenta repetir o sucesso de sua reeleição em 2023, quando contou com o apoio de partidos como PT e PL. A candidatura de Motta, vista como capaz de unir diferentes partidos, pode ser a chave para essa estratégia.
A entrada de Motta na disputa gerou reações nos blocos partidários, especialmente entre os 308 deputados do Centrão. União Brasil e PSD, por exemplo, consideram lançar um candidato alternativo. Nos bastidores, Motta já era visto como um nome viável, mas sua candidatura esbarrava no desejo de Marcos Pereira de liderar a Câmara.
Hugo Motta, com uma trajetória política marcada por sua atuação na CPI da Petrobras, tem o desafio de consolidar sua candidatura. Ele é conhecido por sua habilidade de transitar entre diferentes bancadas, o que pode ser crucial para construir o consenso desejado por Lira. Recentemente, Motta se reuniu com líderes como Lula e Bolsonaro, buscando apoio para sua candidatura.
A história política de Motta é influenciada por sua família, com raízes profundas na política paraibana. Ele iniciou sua carreira no MDB, apoiando governos como o de Dilma Rousseff, e mais tarde se juntou ao Republicanos, alinhando-se com Jair Bolsonaro. Sua experiência inclui a presidência da Comissão de Fiscalização e Controle e a relatoria de importantes propostas legislativas.
Elmar Nascimento, por sua vez, continua sendo uma figura estratégica, especialmente por sua liderança no União Brasil. Ele foi relator da PEC da Transição, que garantiu o Bolsa Família e ampliou o teto de gastos no início do governo Lula. Apesar de sua proximidade com Lira, Elmar enfrenta desafios políticos, especialmente em sua relação com o PT na Bahia.
As movimentações políticas em 2024, como a votação sobre a prisão de Chiquinho Brazão e a urgência de um projeto sobre aborto, refletem a complexidade da sucessão de Lira. Essas questões têm gerado debates intensos na Câmara, influenciando as alianças e estratégias dos candidatos à presidência da Casa.