Uma carta escrita pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, circulou entre governistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo, 16 de fevereiro de 2025. No documento, o criminalista, que possui bom trânsito nos bastidores do poder, analisa as mudanças no comportamento de Lula em seu terceiro mandato e aponta as dificuldades enfrentadas na articulação política do governo. A carta reflete a preocupação de Kakay com a atual situação política do presidente.
Kakay destaca que interlocutores próximos ao Planalto têm encontrado dificuldades para acessar o presidente e criticam seu isolamento. Ele afirma que “o Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro”. O advogado enfatiza que Lula “não faz política” e está “capturado”, sem contar com pessoas ao seu lado que tenham a capacidade de transmitir as informações e conselhos que ele realmente precisa ouvir. Essa análise sugere uma desconexão entre o presidente e sua base política.
Além de abordar o isolamento de Lula, o advogado expressa preocupação com a viabilidade eleitoral do petista em 2026. Kakay aponta que a reeleição de Lula pode estar em risco, considerando o atual cenário político e a queda de popularidade do presidente. Essa situação gera inquietação dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) e entre seus aliados, que temem as consequências de um eventual fracasso nas próximas eleições.
A carta de Kakay surge em um momento crítico, em que a popularidade de Lula tem enfrentado uma queda acentuada. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada na última sexta-feira, 14 de fevereiro, revelou que a aprovação do presidente caiu para 24%, uma diminuição de 11 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em dezembro de 2023. Este índice representa o menor nível de aprovação que Lula já enfrentou em seus três mandatos, o que levanta sérias preocupações sobre sua capacidade de governar.
Outro levantamento, divulgado no sábado, 15 de fevereiro, pelo Ipec, revelou que 62% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria concorrer à reeleição. Esses dados refletem um descontentamento crescente entre a população, o que pode impactar diretamente a estratégia política do presidente e do PT. A percepção negativa em relação à reeleição de Lula pode dificultar a mobilização de apoio para sua candidatura.
No documento, Kakay chama a atenção para a pesquisa que indica que 62% da população não deseja que Lula seja candidato à reeleição. Ele levanta uma questão crucial: “A pergunta é: quem é seu sucessor natural?”. Essa indagação sugere a necessidade de uma reflexão profunda sobre o futuro político do PT e a busca por um líder que possa unir a base e conquistar a confiança do eleitorado.
Kakay também expressa um desejo de ver o crescimento de uma “direita civilizada” no cenário político brasileiro. Ele menciona a condenação de Jair Bolsonaro e a possibilidade de prisão do ex-presidente, que pode ocorrer até setembro. Essa mudança no cenário político poderia abrir espaço para uma direita centrista, que, segundo Kakay, ajudaria a afastar o fascismo e promover um ambiente político mais saudável.
Em suma, a carta de Kakay revela um panorama preocupante para o governo Lula, destacando seu isolamento e as dificuldades na articulação política. A queda de popularidade e a resistência da população em relação à reeleição do presidente levantam questões sobre o futuro do PT e a necessidade de um novo líder que possa conduzir o partido em um cenário político desafiador.