A escolha da cor azul pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas manifestações ao lado de Jair Bolsonaro tem uma forte carga simbólica e política, que vai além do simples acaso. Pela terceira vez consecutiva, Tarcísio usou a camisa azul da seleção brasileira, número dois, em atos públicos que marcam seu alinhamento com o bolsonarismo, mas também revelam um cuidado estratégico para se diferenciar e conquistar o eleitorado conservador sem se associar a posturas radicais, como o golpismo. A cor azul, associada à estabilidade e confiança, torna-se uma ferramenta eficaz para sua imagem política.
Especialistas em semiótica destacam que o uso da camisa azul na política não é mero detalhe, mas um gesto intencional que ajuda a construir uma narrativa visual clara. O fato de Tarcísio ter seu nome e o número 10 nas costas, referência ao partido Republicanos, reforça sua identidade e posicionamento sem realizar uma pré-campanha oficial. Além disso, a cor azul o destaca em meio a multidões vestindo amarelo, cor tradicional do bolsonarismo, sugerindo que embora apoie Bolsonaro, o governador quer ser visto como uma figura própria e confiável.
O azul, cor do partido Republicanos, também simboliza uma promessa de estabilidade e responsabilidade, elementos importantes para um político que busca ser protagonista nas eleições presidenciais de 2026. Enquanto Bolsonaro representa a liderança principal, Tarcísio se posiciona como seu apoiador e uma alternativa viável, apostando em um discurso que tenta equilibrar força política e moderação. Essa escolha de vestimenta reforça sua intenção de conquistar o eleitorado de direita sem se comprometer com posturas extremas.
Além disso, a estratégia de comunicação visual de Tarcísio é parte de um movimento maior dentro da direita brasileira, que procura renovar sua imagem e ampliar o alcance político. Ao usar a camisa azul da seleção, ele reforça uma conexão com a identidade nacional e ao mesmo tempo sinaliza que pertence a uma nova geração dentro desse espectro político. Esse tipo de simbolismo visual é crucial para a construção de uma narrativa que combine tradição e inovação.
Outro aspecto relevante é que, apesar do alinhamento com Bolsonaro, Tarcísio mantém certa distância discursiva em relação a temas polêmicos, como o Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal. Essa cautela na comunicação ajuda a preservar relações com partidos do centro e evita o desgaste político. O uso da camisa azul, portanto, também serve para expressar essa tentativa de equilíbrio entre diferentes forças políticas.
O uso da cor azul não se restringe a Tarcísio. Outros políticos também fazem uso de estratégias semelhantes, como o deputado Hélio Lopes, que utiliza símbolos ligados ao judaísmo e referências culturais conservadoras, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que aposta em uma comunicação mais regional e ligada à identidade local. Essas escolhas revelam como a vestimenta e os símbolos visuais são cada vez mais importantes para o jogo político brasileiro.
Na prática, a camisa azul com nome e número nas costas representa para Tarcísio uma forma de se afirmar politicamente sem necessariamente lançar uma candidatura formal. Essa estratégia reforça sua visibilidade e fortalece sua imagem diante do eleitorado, além de sinalizar uma continuidade no apoio ao bolsonarismo, mesmo em um momento em que o movimento político busca se reposicionar após anos de intensa polarização.
Por fim, a análise da semiótica política mostra que a cor azul e a camisa da seleção usadas por Tarcísio de Freitas são elementos centrais para sua construção de imagem pública. Essa estratégia busca transmitir confiança, estabilidade e apoio moderado a Bolsonaro, enquanto o coloca como um candidato viável para o futuro cenário presidencial, tudo isso sem abandonar as nuances do jogo político atual. O uso inteligente da simbologia visual tem se mostrado uma ferramenta poderosa na política contemporânea.
Autor: Antomines Tok