A violência contra o idoso é um problema de saúde pública silencioso, como explica o Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG Paulo Henrique Silva Maia. Entretanto, é um problema recorrente, que muitas vezes se manifesta em atitudes sutis e aparentemente inofensivas. A agressão à pessoa idosa não se resume a atos físicos ou verbais evidentes. Na verdade, ela pode começar por olhares de desprezo, infantilizações e negligências cotidianas. Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para uma sociedade mais respeitosa e inclusiva.
Com o envelhecimento da população, cresce também a necessidade de desenvolver estratégias eficazes para proteger os direitos e a dignidade dos idosos. A violência velada, muitas vezes praticada dentro das próprias famílias, precisa ser combatida com informação, empatia e políticas públicas de prevenção.
Identificar a violência contra o idoso exige atenção aos sinais sutis
A violência contra o idoso pode assumir diversas formas, como física, psicológica, patrimonial, institucional e até mesmo negligência. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, os pequenos gestos que reforçam estereótipos negativos ou tratam o idoso como incapaz contribuem para um ambiente de exclusão e desvalorização. Frases que deslegitimam opiniões, decisões tomadas sem consulta e a recusa em permitir autonomia também são formas de agressão.
É comum que essas práticas sejam naturalizadas dentro do convívio familiar, tornando mais difícil identificá-las como problemáticas. No entanto, a repetição desses comportamentos pode gerar sofrimento psíquico, perda de autoestima e até quadros depressivos em idosos. O primeiro passo para a mudança é ampliar a consciência coletiva sobre o que constitui, de fato, um comportamento abusivo.
Os impactos da violência na saúde física e emocional dos idosos
As consequências da violência contra o idoso vão além dos danos imediatos. Elas afetam profundamente o bem-estar e a saúde global dessas pessoas. Conforme explica Paulo Henrique Silva Maia, idosos submetidos a ambientes hostis tendem a desenvolver doenças psicossomáticas, agravamento de comorbidades e retraimento social, o que pode comprometer ainda mais a qualidade de vida nessa fase.

Além disso, a violência emocional, como gritos, desprezo e isolamento, é uma das formas mais comuns e menos denunciadas. O medo de retaliações ou de perder os vínculos afetivos faz com que muitos idosos silenciem seu sofrimento. Por isso, é fundamental que a rede de apoio (familiares, vizinhos e profissionais da saúde) esteja atenta aos sinais de angústia, mudanças de comportamento e falas que indiquem sofrimento.
Como a sociedade pode enfrentar a violência contra o idoso
O enfrentamento da violência contra o idoso começa pela conscientização social. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, campanhas educativas e programas de formação para cuidadores, familiares e profissionais da saúde são ferramentas essenciais para combater essa realidade. O respeito à autonomia e à dignidade da pessoa idosa precisa ser reforçado desde o convívio familiar até os atendimentos institucionais.
Portanto, fortalecer canais de denúncia e garantir o funcionamento de políticas públicas como o Disque 100 são medidas que ampliam a proteção. A atuação integrada entre saúde, assistência social e sistema de justiça é vital para interromper ciclos de violência e promover acolhimento. A criação de grupos de convivência e espaços para escuta também favorecem o empoderamento da pessoa idosa, permitindo que ela se posicione e busque apoio.
Promover a ética do cuidado como valor social
Mais do que evitar atos violentos, a sociedade precisa construir uma cultura de cuidado e respeito intergeracional. Conforme destaca Paulo Henrique Silva Maia, o cuidado ético pressupõe a valorização da história, da experiência e da capacidade de decisão dos idosos. A ética do cuidado exige sensibilidade para ouvir, tempo para dialogar e compromisso em promover a inclusão social em todas as esferas.
Educar as novas gerações sobre o envelhecimento e seus desafios também é uma forma de prevenção. Escolas, universidades, empresas e comunidades podem contribuir ativamente na construção de uma sociedade em que o idoso seja assistido e efetivamente reconhecido como sujeito de direitos.
Autor: Antomines Tok